30 de agosto de 2007

Roberta Sá no lado esquerdo do meu mediaplayer...


"Quatro da manhã
Dor no apogeu
A lua já se escondeu
Vestindo o céu de puro breu
E eu mal vejo a minha mão
A rabiscar, esboço de canção
Poesia vã
Pobre verso meu
Que brota quando feneceu
A mesma flor que concebeu
Perdido na alucinação
Do amor acreditando na ilusão
Canto pra esquecer a dor da vida
Sei que o destino do amor
É sempre a despedida
A tristeza é o grão
A saudade é o chão onde eu planto do ventre da solidão
É que nasce o meu pranto"

[ Lavoura, letra de Teresa Cristima e Pedro Amorim ]

25 de agosto de 2007

Pro dia nascer feliz...



Algumas noites acabam em pizza às 21h,
outras em anti-histamínico e chá de cidreira às 22h.
Algumas noites acabam às 24h na mesa do bar
["me dá uma carona?"]

Alguns dias terminam às 20h com dores nas ancas,
nos tendões,
dores nos ombros,
dores no plexo...
[e outras dores mais elegantes]

Algumas noites terminam sem querer
["pois é... já deu por hoje"]

Algumas terminam em gargalhadas e peixes abissais de celular,
outras começam às 23h com 'Belle and Sebastian' na vitrola velha
Algumas noites começam à 1h com as almofadas
[todas] sobre a cama
... pro king size parecer um bercinho...
Algumas noites tem barulhos indesejáveis
caminhão de lixo
batida policial
cachorros que vêem espíritos [latindo pras paredes]

Algumas noites começam às 5h com cheiro de cigarro na varanda
com poesia barata e com uma dor de cabeça infernal!
Algumas noites terminam com paracetamol e chá de boldo
Algumas noites começam com gastrite, neuroses a arrepios nada sublimes
["tem dias que de noite é foda"]

Algumas começam às 6h com as almofadas no chão
[tem noite que de dia é foda]

Algumas noites não deviam existir...
Alguns dias deviam ser feitos só de claridade
de caminhos certeiros
de retilíneas
de reticências

Alguns dias deviam começar e não terminar
[só pra não escurecer o meu quarto]

22 de agosto de 2007

Eu tenho medo do meu próprio povo!

Trecho bizarro do regulamento do Festival de Teatro de Ponta Grossa - PR, que eu recebi hoje:

"Art. 7º - Não serão aceitas inscrições de espetáculos de teatro de animação (objetos, bonecos, etc.) para concorrer no festival, com o intuito de facilitar o processo de seleção dos espetáculos e valorizar o trabalho do ator. "

Então bonequeiro não é ator?! [Pasmem!]

Em pleno século XXI, depois de todos os "ismos", vanguardas, hibridismos, fusões, conceituações e muito blá, blá, blá, ter que ler isso é de doer os cornos!

Isso porque é um evento organizado por gente do meio teatral que, em teoria, deveria estar dialogando com tudo de "novo" que o teatro tem discutido.

Quando o seu próprio meio teima em ser cafona, não restam muitas esperanças:

Eu passo a corda! Alguém se habilita a chutar o banquinho?!

20 de agosto de 2007

Três cigarros e uma prosa bipolar


Puta que pariu! - disse o ator - e não é que o timbre se esgueira janela afora! Há dias ele se compenetrava em perceber seus próprios chiados. Havia descoberto o incerto, o infortúnio dos que amam sem saber como, dos que põem na cruz qualquer sujeito. Ele não podia mais discenir entre o óbvio e o obtuso. Entre saída e entrada. Entre gesto e ação. Ele se permitiu adentrar aquilo que mais temia.

(Então ele bateu os sapatos, não limpou as soleiras, não virou o disco, e viu-se rodeado dos afagos que vinham de lugar nenhum)

Este dia não lhe deu a doutrina salvadora. Este lugar não trouxe um abraço esperado, tampouco um soluço desembestado de quem anda torto. Ele se viu pura poesia. Ele quis escrever um poema. E tentou dormir com macacos no sótão, com talheres no teto, com risadas no porão. E quis escrever um poema. E preparou um chá, e andou pela casa, e esmigalhou nozes. E quis escrever um poema.

A moça desnuda do sétimo andar agonizava na janela. Ele gritou (oco) contra vidro (fosco) do prédio: vou escrever qualquer merda hoje!!! Está me ouvindo?!

(silêncio noturno, sequer um cachorro se pronunciava)

Qualquer merda - disse o ator - qualquer merda!


[foto da Samara Zukoski, que tá cada vez melhor na fita]

19 de agosto de 2007

Céu de azul e cinza

Fim de semana lindo e doido (doido porque foi lindo, lindo porque foi doido)

Oficina belíssima do espetáculo novo (veja algumas fotos em www.oespacoemaberto.blogspot.com)

Muitas unhas roídas!

Muitas imagens novas na cabeça!

Muitas olhadas para o espaço interno!

E também muitos afetos doidos ( inspiradores)!

Harry, você não vale mesmo um real (e é das pessoas deste naipe que eu gosto)

"às vezes (e isso eu confesso) eu queria ser um copo descartável, um objeto vulgar, o banal, o imprestável...

["eu tenho apego pelas coisas imprestáveis" ?]"

15 de agosto de 2007

Coisas que eu não entendo...

“Haveis de entender, começou ele, que a virtude e o saber têm existências paralelas, uma no sujeito que as possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em um sujeito solitário, remoto de todo o contato com outros homens, é como se eles não existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto como as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem espectador. Um dia, estando a cuidar destas cousas, considerei que para o fim de alumiar um pouco o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, aliás, nada chegaria a valer sem a existência de outros homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens, pois me deu a doutrina salvadora”.


Machado de Assis, "O Segredo do Banzo"
(Foto roubada do Flickr, do Lucas Viggiani)

13 de agosto de 2007

"Prefiro as máquinas que servem para não funcionar:
quando cheias de areia de formiga e musgo - elas podem um dia milagrar flores

(Os objetos sem função têm muito apego pelo abandono)

Também as latrinas desprezadas que servem para ter grilos dentro - elas podem um dia milagrar violetas.

(Eu sou beato em violeta)

Todas as coisas apropriadas ao abandono me religam a Deus!

Senhor, eu tenho orgulho do imprestável!

(O abandono me protege.) "

Manoel de Barros Livro sobre nada

12 de agosto de 2007

Papito!!!


É uma data comercial besta, mas eu fico besta mesmo assim... Hoje um post pro nosso super-herói gordinho, casca-grossa, engraçado, cabeça-dura e cheio dos super poderes!

Lóviúchuchu !!!

4 de agosto de 2007

Monte você mesmo...

Brincadeira ótema da comunidade do orkut do Will & Grace (coisas do Malcon):

Para criar um nome de drag queen (a sua drag queen) você junta o nome do seu primeiro bicho de estimação + o nome da primeira rua em que você morou...

Assim, Malcon Bauer, cujo primeiro bichinho chamava-se Arco-íris (uma gata), pode ser juntado ao nome Ramos (da Rua Nereu Ramos, ele preferiu usar o sobrenome), e passará a se chamar (uma vez que montada) Arco-íris Ramos...

Assim, algumas personalidades da cena cultural e etílica florianopolitana mudam seus nomes para:

Barbara Biscaro = Fumaça de Montenegro

Higor Lima = Larissa do Amazonas

Daniel Olivetto = Duquesa de Toledo

Vicente Mahfuz = Marcela Guaicurú

Renato Turnes = Poopy Spywack

Milena Moraes = Eca de Campanella

Paulo Vasilescu = Bolinha Bender

e Malcon Bauer = Arco-Íris Ramos (como já tinha mencionado)


E vc?
Qual o seu nominho??

(a gente se diverte com cada coisa...)