3 de agosto de 2005

Cucarachos Bons de Bola!



Antes de cadastrar minha locação, a menina do balcão me diz: "tem certeza que é este? Em espanhol, drama ...?". Concluo: é totalmente compreensível que alguém deteste algum atendente de locadora puxando papo ...

Que os argentinos estão com tudo na produção cinematográfica atual já não é novidade. Que as películas dos nossos hermanitos vão dos mais polêmicos (Plata Quemada) aos mais tradicionais (O Filho da Noiva) também não é novo de se dizer. Então, que dizer de "Valentin", longa do diretor Alejandro Agresti, que (espero!) não deve empacar nas preteleiras?! Um filme de roupinha tão tradicional e ao mesmo tempo de um humor tão incisivo.

A história do menininho que tenta entender o mundo dos grandes toca fundo desde as primeiras palavras do roteiro, em que este pequeno nos apresenta seu universo e se introduz como um irônico narrador dele. Valentim sonha ser astronauta, mora com a avó, quase não vê o pai, e pouco sabe de sua mãe. Seria drama suficiente para um xaropão daqueles, não fosse a abordagem certeira de Agresti, que não cede aos apelos já conhecidos das receitas americanas deste gênero. Na tentativa incessante de resolver esse mundo tão cheio de complicações, Valentin nos chega como o retrato daquela pureza que tivemos e que um dia foi embora sem deixar recado.

Puro carisma e inteligência nessa produção portenha de fotografia exemplar e direção de arte de mestre. Belíssimas atuações de todo o elenco, com charme especial do pequeno Rodrigo Noya, impagável no papel título. Valentin, encanta pelo charme de não ser filme de receita fácil. E o charme do idioma, claro! Sempre!