Alzira não era sozinha... Era alheia. Isso se justifica por sua coleção de maridos. Gustavo era o marido-travesseiro, aquele que lhe servia de peito, de ombro, de afago noturno e que ali, ao lado da cama, amanhecia cabisbaixo, porque ela só era assim sozinha quando dormia e não quando o sol cruzava o ângulo da janela. João era o marido-mesa com quem falava de seus assuntinhos matinais: sorrisos débeis, corn flakes e muitas promessas. No trabalho Alzira passava horas com Fernando o marido-telefone, com quem ria pelos cantos de seu box de escritório. Alzira gostava de dizer "eu te amo", precisava dizer isso cinquenta vezes por dia. Alzira era feliz assim, porque Eduardo o marido-taxi lhe pegava - com uma caixa de maridos-rosquinhas - na mesma esquina todos os fins de tarde. Eduardo lhe deixava sempre em casa as 19h30h. Ali esperava Francisco, o marido-poltrona com quem a vida passava sem perceber. Era uma mulher como poucas, a Alzira. Inteligente, sensível, "de bem com a vida", "cheia de simpatia e vivacidade". Alzira é dessas mulheres que não precisam da ninguém. Alzira é uma mulher ímpar.