22 de fevereiro de 2007

Ócio e Culpa

Se tem uma coisa que eu adoro mesmo é o ócio... é como se o meu corpo inteiro estivesse dizendo "por que a vida não é sempre assim, Daniel"... uma sensação de profunda gratidão - aos criadores de feriados - que vai do cucuruto da caixola até a ponta dos dedos do pé... mas é lógico que isto dura muito pouco, porque logo alguém liga comentando algo (ou cobrando algo, ou sugerindo algo...) e ela começa a entrar em cena: a culpa. Pra uma pessoa que trabalha bastante em casa, como eu, os dias de ócio são sempre um problema, porque tá tudo ali na sua frente dizendo "dê um pulinho aqui na frente do micro e trabalhe um pouco, Daniel" (qualquer semelhança com o "venha para luz, Caroline" é mera coicidência...). Aí pra você ter um ou dois dias sem culpa alguma o que você faz? Foge de casa...

Primeiro você foge pra casa do Malcon e fica 24 horas fazendo coisas absolutamente triviais e importantes como: fumar assistindo making of do Alien 3; jogar uma versão particular de imagem em ação, também conhecida como "mímicas de filme", e ver seus amigos terem de imitar uma "orquídea selvagem" ou "gata em teto de zinco quente", e coisas ainda mais bizarras; simular trailer de filmes que não existem nem nunca vão existir; dublar músicas criando traduções absurdas que você espera que ninguém ouça e outras bizarrices.

Depois você corre pra casa do Bárbara - carregando o Malcon - para um breve café antes de pegar uma espécie de balada off-carnaval (estas festas onde você pode fugir de músicas com refrão em vogal). Depois de um café e meia dúzia de fofocas, você tem a excelente idéia de jogar uma rodada de canastra... Adeus balada, o primeiro pit stop é às três da manhã para ir ao bom e velho "The Biggas" na Trindade, o único lugar underground por excelência nesta cidade, onde você pode tomar cerveja barada num ambiente semi-de-luxo, e ver os tipos mais variados... Depois de um ou dois sandubas e um pouco de cerveja nos cornos você volta com seus amigos pra terminar a partida... que só acaba mesmo às seis da manhã... Quem tinha falado em balada mesmo??

Aí você volta pra casa às sete e meia, dorme até as duas da tarde, acorda em outra órbita, e ainda passa a terça feira de carnaval recebendo visitas... Às nove da noite você recebe um espírito de gourmet - que anda sumido na sua casa - e prepara uma massa que seus amigos elogiam, repetem, mas, que você sabe que está uma bosta... É neste momento que a relidade vem a tona e a felicidade que o ócio trouxe começa a ir embora... depois você lava a louça, olha no relógio, e de repente surge ele: o computador, com uma feição triste de quem foi abandonado durante todo o feriado. A culpa começa a roer o seu estômago, e uma enorme check list começa a passar pela sua cabeça... Não é uma episódio de "The Twilight Zone" é a sua relidade mesmo que desperta e te faz planejar outros ócios o mais cedo possível...

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho o ócio importantíssimo em nossa vida!

Viva ele!!!!