5 de junho de 2007

Sete palmos pra dentro do espelho...


Então, ele bateu os sapatos. E não deu meia volta, como de costume. Ele olhou mais uma vez as paredes sujas daquele cheiro doce. Fitou no chão os vestígios de cigarro; no teto as coleções de insetos que lhe viriam buscar se algo tardasse. E não mais olhou no espelho como de costume, para ajeitar a barba. E não mais disse a si mesmo que seu olhar mudara. E quis abraçar a si mesmo ainda que soubesse que isto nada consolaria. Naquela noite ele lavou os pratos, virou o disco, tirou o pó das soleiras, e com um respiro ávido, com o peito estremecido, com 'el devenir' [este verbo maldito] na ponta do nariz, ele sorriu nervoso. E quis dizer 'nunca mais' com os lábios hesitantes...

Nenhum comentário: