Sete vezes Alzira
Alzira descia na estação de trem e simulava um sorriso receptivo achando que alguém a esperava. Sete vezes por semana descia do trem. Sete sorrisos receptivos às 23:30. Sete vezes ninguém.
Alzira batia o bolo, assava, comia, sozinha. Sete sorrisos gratinados por semana.
Alzira queria culpar o mundo por escrever cartas pras paredes.
Queria culpar o mundo por inventar novos perfumes pra ninguém.
Culpar o mundo por não conseguir ser só.
Alzira queria sonhar ser só e sã.
Queria o céu, mas o céu de Alzira morava tão perto [o sorriso não lhe permitiria tocá-lo].
Alzira olhava a porta da sala
Alzira olhava a porta do fogão
estalava dedos,
respirava
sorrisos
gratinação
nimbus-de-porta-de-sala
gás-de-porta-de-fogão
23:30
sete vezes
Um comentário:
ma-ra-vi-lho-so!
"Sete sorrisos gratinados"
que inveja!
eu queria roubar esse poema e coloca-lo no Conto de Facas em 2009!
claro, no capitulo 2, "vinte mil éguas submarinas - poemas marítimos e misóginos" ahahahah
parabéns nego, coloca isso num caderno e deixa crescer, dar frutos...
saudadeee
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