Os Melhores Filmes de 2011 - Parte 2
por Renato Turnes,
ator, meu diretorzim querido, e membro do Biguaçu Film Critics Circle
Ele diz: “Foi um ano medíocre nas salas de cinema de nossa cidade. Pensei, pensei e não encontrei 10 filmes. Com certeza alguns bons filmes eu realmente perdi. E não curto ver filmes novos no computador. Mas esperamos que a reabertura do Cinema do CIC amplie nosso horizonte de apreciação, porque só a programação dos cinemas de shopping, é muito limitante.”
09- Cisne Negro
O filme de Darren Aronofski, que só estreou no Brasil em 2011, pretende ser complexo ao abordar a relação entre realidade, representação e esquizofrenia na figura da frágil bailarina obcecada por um papel. Por esse objetivo ela vai gradativamente rompendo seus limites físicos, morais e psicológicos, invadindo a linha da sanidade na busca por uma perfeição idealizada. Com um quê de Repulsa ao Sexo este poderia ser um incrível filme de terror, mas parece que o diretor resolveu evitar essa classificação, contendo-se na execução e evitando a vitória do medo sobre a metáfora. Talvez ele achasse o gênero redutor para a “obra de arte” que queria engendrar. E talvez essa indecisão de tom faça com que o filme perca impacto conforme ele amadurece na nossa memória, e hoje não seja tão incrível quanto foi quando saímos da sala de cinema. De qualquer forma, como um “suspense grotesco”, Cisne Negro ainda é um filme acima da média, criativo, forte e envolvente.
08- Planeta dos Macacos: origem
Puro entretenimento de fino trato, a nova leitura para o tema clássico sci-fi, espécie de “começo de tudo”, guarda a ação grandiosa para o último ato. Ao longo da projeção vemos incríveis efeitos especiais que nunca se sobrepõem à história. Ao contrário a técnica impressionante está intrinsecamente ligada ao roteiro, colaborando para a credibilidade total que o filme provoca. Metáforas políticas, questionamentos sobre o poder da ciência e da indústria farmacêutica e até discussões sobre a família fazem com que Planeta dos Macacos transcenda o nível da bobagem e seja diversão inteligente e emocionante, como eu acho que deve ser. A melhor sessão pipoca no cinema em 2011.
07- Blue Valentine
A premissa desse filme é simples e direta: o que acontece quando o amor acaba? Seu grande mérito é a negação ao melodrama e ao romantismo hollywoodiano e a ausência de julgamento moral/ético/afetivo em relação aos protagonistas. Ninguém tem culpa, ninguém está errado, ninguém sofre mais que o outro. Simplesmente acaba. O que antes fazia com que o outro fosse encantador e desejável, agora é o que o torna insuportável. Oposto absoluto de uma comédia romântica, o filme é uma tese sobre a ilusão do príncipe encantado e da cara-metade. De um realismo incômodo, os improvisos dos atores conferem a verdade necessária para a identificação (ou repulsa) com os protagonistas. Infelizmente essa opção deixa a encenação por vezes frouxa e o andamento da trama sai um pouco prejudicado. Mesmo assim Blue Valentine é um pequeno filme inesquecível para quem algum dia deixou de ser amado.
06- Elvis & Madona
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05 - Melancolia
Confesso que às vezes eu desconfio de Von Trier. Ele parece um embusteiro manipulador que constrói seus filmes com aquele realismo hiperbólico e paradoxalmente artificial, nos quais não se enxerga a motivação exata, o porquê de sua existência. Um impostor talentoso que nos engana como um ilusionista de feira. Mas chego à conclusão que é justamente isso que causa o estranhamento de sua obra e o torna um criador único. É assim em Melancolia, um filme catástrofe narrado por um ponto de vista íntimo. Quando duas irmãs vividas por atrizes gigantes esperam o fim do mundo nos perguntamos sobre a razão de viver. É pretensioso, cético e inconsequente: a cara de Von Trier. Mas no fim das contas gerar no espectador uma pergunta como essa não é pouca coisa.
04- Rabbit Hole
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03- O Palhaço
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02- A Pele que Habito
Um Almodóvar diferente em muitos aspectos: da direção de arte clean à frieza da narrativa principal e do próprio espírito do protagonista. Ainda assim continua lindo de se ver. No roteiro, misto de thriller psicológico e filme de monstro, o que se chama de “identidade sexual” é mais uma vez triturada e reconstruída num surto de encenação. O melodrama, gênero que consagrou o enfant terrible espanhol, aparece apenas como uma espécie de autocitação, abrindo espaço para uma atmosfera chique e perversa. Seus personagens continuam abismos de afetos proibidos e corpos transformados, conduzidos pela visão impecável de um esteta.
01- Meia Noite em Paris
Ao retomar o estilo fantasioso de A Rosa Púrpura do Cairo, Woody Allen faz o filme dos sonhos pra quem gosta de cinema. O roteiro perfeito, a beleza de Paris, os personagens deslumbrantes que vão surgindo aos poucos, como presentes que alegram nossa alma e nos fazem suspirar, compõem uma experiência cinematográfica rara. Nostálgico sem ser melancólico , engraçado sem ser leviano, inteligente sem ser aborrecido, o cineasta consegue a proeza de ser ao mesmo tempo leve e pungente, numa demonstração inquestionável de domínio técnico, narrativo e estilístico. Meia Noite em Paris é uma obra-prima que nos deixou a todos em estado de graça.
6 comentários:
Nossas listas são muito parecidas, com mudanças apenas na colocação de alguns filmes.
Cada vez penso mais no fato de que não vi "Blue Valentine" da maneira que deveria.
Futuramente darei outra chance ao filme...
vamo ver junto! eu tb não vi da maneira que deveria... rsrsrsrs
Lista linda. Rabbit Hole e Planeta dos Macacos ficaram nos 13o e 11o lugares da minha lista... Queria, de verdade, que Selton Mello tivesse apenas dirigido seu filme. Mas não é assim que funciona...
FREE SELTON!!! FREEEEEE!!!
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