O dia em que a Alzira quase explodiu
Pensou que estava ôca, a Alzira. Mas tinha um bateria dentro do coração e um multiprocessador no estômago. Ali bem perto das orelhas tinha amplificadores de alta tecnologia que faziam ecoar tudo o que vinha do mundo exterior (lugar-tão-alheio). Tinha um circulador de ar barulhento e enferrujado no peito. Tinha uma lupa nos olhos, tudo era pesado, tudo era intenso, tudo era mais forte do que ela. Tinha amídalas hipertróficas, mas comia feito uma draga. No esôfago, Alzira tinha um moedor de carne. Seus dedos eram tortos, roídos. Alzira estava atulhada de tudo que havia de pior. Queria espirrar toda a sujeira, vomitar os sentimentos que não serviam, queria expelir seu mal. Então, quando se viu perfumada numa destas tardes calmas de abril - como numa cena de filme em paisagem tropical - Alzira quis explodir suas vísceras. Ficou tão afoita que deu um imenso grito pra dentro. Não havia espaço algum. Alzira fora obrigada a acreditar que a vida ôca não passava de uma ilusão. Sabia tão pouco de si, a Alzira.
6 comentários:
demais, alzira é vc, sou eu
ela fala sem palavras
sem nada de concreto
ela diz desejo, sem querer nada
a volta de alzira e muito boa
abraçõ
daniel, alzira, é demais isso... essa personagem, a forma como você explica ela, a escolha das palavras.. putz, não dava uma peça? Medéia Moderna: Alzira, a mulher que matou os fígados pra chamar a atenção do mar.
é um bálsamo entrar aqui e ler isso.
te adoto!!!
Alzira louca... que bom que não é oca. Eu tb não sou, mora saudades imensas dentro de mim.
Te amo querido.
Beijoca.
e será que alguém é oco?
Um texto que pega a gente de mansinho! Muitooo bom! Passei no do Má e vim te visitar! Isso aqui ta muito bom! Bom d+
Um abraço guri!
estou alzirissima hoje
explodindo pelos olhos...
e oca de pensamentos...
como dói ter um moedor de carne no esofago...
tenho medo de virar alzira pra sempre
bjo
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