27 de janeiro de 2009

Rubi me deixa bege...




"Deu meu coração de ficar dolorido
Arrasado num profundo pranto
Deu meu coração de falar esperanto
Na esperança de se compreendido

Deu meu coração equivocado
Deu de desbotar o colorido
Deu de sentir-se apagado
Desiluminado
Desacontecido

Deu meu coração de ficar abatido
De bater sem sentido
Meu coração surrado
Deu de arrancar o curativo
Deu de cutucar o machucado

Deu de inventar palavra
Pra curar de significado
O escuro aço denso do silêncio
De um coração trespassado"

[Tata Fernandes / Kléber Albuquerque, na voz do Rubi, esse cantor absurdo]

26 de janeiro de 2009

Truffaut me deixa bege!



Cena absurda de linda de "A Noite Americana" (1973) do François Truffaut, que anda inspirando o próximo espetáculo. O Turnes me mandou esse vídeo pra gente ir pensando coisas trabalho novo e eu confesso que fico bege toda vez que vejo! Vale a pena conferir!

Clarice me deixa bege!



Hoje acordei com a Clarice na cabeça... falei nela umas quatro vezes e ainda esbarei numa frase tenebrosa...

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro".

Madmoiseille Lispector... pôxa!


PS: Sim, eu concordo com ela!

17 de janeiro de 2009

Retrô 9 :: Os Bofes da Manu!



Quando a Música faz bem pro Olhos!

por Manuela D'Eça Neves, a garimpeira do youtube




Olá leitores do Chico!


A intenção deste top ten aqui é fazer bem para os vossos ouvidos, mas principalmente para os olhos. Selecionei 10 vídeos que tocaram MUITO no meu youtube no ano de 2008. Vídeos de músicas novas e antigas, de artistas que eu admiro como músicos e também como homens lindos que são. Há para todos os gostos, espero que algum agrade e que vocês consigam se deliciar da mesma forma que eu... com as bocas, caretas, gestos e sorrisos desses gostosos da música!

Nhaaaac neles.

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Jakob Dylan é ninguém menos que o filho do grande Bob Dylan e vocalista da banda The Wallflowes. É o primeiro da minha lista por uma questão de merecimento. Vai ser lindo e rouco assim lá em casa, meu bem! O vídeo escolhido é da música "Heroes", que não é a melhor da banda. Prefiro "One Headlight", mas, infelizmente o youtube tá cheio de novas restrições em função dos direitos autorais, então nem tudo dá pra ver inteiro, e muita coisa não pode ser incorporada. Pra quem quiser conferir uma parte de "One Headlight, o link é http://www.youtube.com/watch?v=CLqOwiZ8n5I. Os ouvidos e olhos, agradecem... eu garanto!


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Chris Martin é o líder da banda inglesa Coldplay, maridão da sortuda da Gwyneth Paltrow. Ele manda muito bem na voz e no piano. Eu sou fã de carteirinha dos morenos, mas ele é o meu galeguinho favorito. No vídeo a linda canção The Scientist, numa bacaníssima versão live no piano.


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Damon Albarn é o vocal da banda Blur e também do Gorillaz. Inglesinho gracinha irreverente... não faz de todo o meu tipo, mas não passa despercebido aos olhos de jeito nenhum. O vídeo escolhido é do Blur, a música é Beetlebum.


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Joe Stretch é um inglês gatíssimo, vocalista da jovem banda (We Are) Performance... das últimas coisas que conheci neste ano que passou. A música do vídeo é a dançante Surrender, boa trilha sonora pras nossas noites de Blues Velvet. E se ele quiser vir junto, a gente jura que não reclama!


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John Mayer é pop, dispensa grandes apresentações. Faz o tipão meigo-romântico: compõe, canta, toca e é gato bagarai (que boca é essa, porra?) ... no vídeo abaixo, ele parece estar precisando de um banho. Alguém se habilita? (eeeu, eu, eu aquiii) . O vídeo é de uma versão acústica da música Clarity, que tem um clipe beeem bacana, protegido por direitos autorais que vale a pena ver, procurem!


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Alex Kapranos é o inglesíssimo líder da banda Franz Ferdinand. Dono de uma beleza bem particular, ele não parece ser muito chegado a fazer pose de galã pros fotógrafos. Não foi fácil encontrar uma foto que fizesse jus ao jeitão sexy dele quando está cantando. No vídeo, a música Michael, que lançou a banda no mercado aqui no Brasil.



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Zach Condon, vocalista da banda Beirut, que me foi apresentada pelo dono deste blog, não é exatamente o que se chama de um cara bonitão, mas é fofo e dá vontade de levar pra casa e fazer mil cafunés naquele cabelo bagunçado dele. O vídeo é uma versão acústica maravilhosa da música Nantes, o primeiro clipe que eu vi do Beirut e que de cara ganhou o meu coração.


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Josh Homme é o belíssimo (vitaminado, gostoso, desgraçado... casava agoraaaaa) vocalista ruivo da banda de hard rock Queens of The Stone Age.
A música do vídeo é "No One Knows" e esta é uma versão acústica, já que o clipe está protegido por direitos autorais, mas vale a pena ver o original.


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Anthony Kiedis, velho conhecido de todos como vocalista do Red Hot Chili Peppers, é para mim um mistério. Gente, o cara não envelhece.... desde os meus 14 anos ele está gostoso IGUAL, enquanto eu aqui crio cada ano mais barriga... O que é issooooooo? O vídeo é da música Otherside, numa versão live. Novamente o problema dos direito autorais nos clipes.


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Kelly Jones é o líder da banda nascida no País de Gales: Stereophonics. Além de ter um senhor belo rosto, o rapaz ainda foi presenteado com uma voz rouquinha que judiaaaaaa da gente. O vídeo é de um cover que eles gravaram da música "Don`t Let Me Down" dos Beatles, para a linda trilha sonora do filme "I am Sam".


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Ai, ai...

10 de janeiro de 2009

Retrô 7 :: Melhores Filmes de 2008 :: pelo Dono do Barraco

My turn! Eu vi pouquíssima coisa esse ano [perto do que já foram os anos em que eu trabalhava menos, ou nos que eu trabalhava em vídeo-locadora]. Em 2008, pra parir uma monografia e ainda dar conta de atuar, produzir, dar aula, lavar roupa e bater cartão no Blues Velvet, eu tive que correr muito.[e quem vê jura que eu tô rico]. Aí vi poucos e bons filmes. Com o tempo tão curto eu só me presto a sair de casa – tanto pro cinema quanto pra locadora - se tenho certeza de que “é aquele filme mesmo que eu quero ver”. Então vou comentar 10 filmes e algumas atuações, roteiros, diretores que me emocionaram em 2008. Como não sou especialista no assunto, e não vou ficar discutindo questões técnicas à fundo. São comentários em geral bem afetivos, ok? Se estiver esperando uma crítica coerente aqui, bueno, você veio ao blogue errado.



10) MAMMA MIA!


Ok! Ok! Não é bem o tipo de filme que eu acharia “um dos melhores do ano”, aliás, fui ver com vários pés atrás, depois de muita insistência do Malcon. É muito clichê, é muita breguice, é muito ABBA na cabeça, gente! Fiquei me sentindo uma bicha quarentona cantarolando as musicas e achando toda aquela palhaçada algo crível. Mas, realmente o charme desta comédia está no elenco divertido liderado por Meryl Streep numa atuação do tipo “dignidade até vestida de disco girl”. Ela consegue usar de todos os grandes clichês de “atores de musical” de forma genial. Um filme, talvez, pouco “importante para o cinema”, mas, digamos que às vezes uma atuação memorável já vale um filme todo. Leve sua mãe ou um amigo divertido e se prepare para o filme mais gay da década!



9) QUEIME DEPOIS DE LER


Os Cohen mal lançaram “Onde os Fracos não tem Vez” e já nos bombardeiam com uma nova pérola. Esses meninos são ultimamente meus diretores preferidos – pra mim “Fargo” e “O Homem que não Estava Lá” são dois dos clássicos de nosso tempo. Tudo de melhor dos Cohen está também nesse novo filme: violência, humor perverso, personagens patéticos, e uma coerência entre idéia e realização que dá inveja, gente! Frances McDormand está fantástica com suas obsessões por cirurgias plásticas para “reinventar” a si mesma. Uma atuação digna de prêmios, aplausos e muita “babação de ovo”. Só sei que quando acabou o filme eu fiquei com aquele sorriso de otário, depois de rir de tanta violência e crueldade, males que, como os Cohen já nos diziam em “Onde os Fracos não tem Vez”, parecem realmente sem solução.



8) VICKY CRISTINA BARCELONA


Woody é o nosso rei! Ele volta a acertar em cheio com este filme que tem no quarteto central de atores o carisma que qualquer diretor precisa pra ganhar nosso coraçãozinho. Assim como as irmãzinhas de “Razão e Sensibilidade”, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johanson) são dois exemplos da impossibilidade de compreensão do que é o amor. Uma cheia de certezas, outra cheia de anseios inexplicáveis. Esse é um ponto central do filme: falar da nossa “super-capacidade” de definir os afetos, mesmo sem compreender quando eles estão diante do nosso nariz. Javier Barden em atuação charmozérrima e Penélope Cruz dando bafo a cada cinco minutos são outros pontos altos do filme. Só concordo com a Lola [Aronovich, do blog “Escreva Lola, Escreva”], que é muita ostentação pra um filme só. Cansa um pouco ver gente rica andando de jatinho, tomando vinhos em paisagens exóticas sem saber quem paga a conta. Fiquei me sentindo qualquer coisa, pois, minutos antes, eu estava achando um absurdo a minha pipoca custar mais caro que o ingresso! Mas a Rebecca Hall é um desbunde, de linda e de boa atriz!



7) SANGUE NEGRO


Acho um abuso isso: O Day Lewis fica anos sem fazer um filme e quando volta já “chega chegando”. Pra mim, em “Sangue Negro” ele chega ao auge de sua carreira, numa atuação tão refinada, tão cheia de detalhes, tão complexa, e tão difícil de definir que se eu encontrasse ele na rua, eu certamente gritaria: “Vai ser bom assim na puta que pariu!!!”. Paul Thomas Anderson é outro que – e isso já faz tempo – não precisa mais provar nada pra ninguém. É impressionante o quanto ele consegue investir num projeto totalmente novo em sua carreira, um filme com cara de “grandes épicos oscarizáveis”, e que, no entanto, exibe o melhor de suas características de diretor queridinho do cinema “alternativo”. “Sangue Negro” é um soco no estômago e busca nas origens da exploração do petróleo, uma discussão fortíssima sobre as ultimas guerras e conflitos políticos. Vale comentar que além de Day Lewis, tem o Paul Dano [o irmão que leu muito Nietzsche em “Pequena Miss Sunshine”] como um religioso desgraçado. A cena em que Lewis é “abençoado” por Dano em um culto religioso é algo antológico! Pelo menos aqui em casa vai ser sempre!



6) ESTÔMAGO


Filme porreta dirigido por Marcos Jorge, com roteiro cruel e inteligente, fotografia magistral, e belas atuações de João Miguel - um dos nossos melhores atores na ativa no Brasil- e Fabíula Nascimento - novata nas telas [acho eu] e dona de atuação segura e beeeemmm corajosa. Achei bárbara a maneira como o roteiro consegue fugir dos maniqueísmos e simplismos em que o cinema nacional anda se metendo quando resolve tocar nos “temas sociais”. Cheio de diálogos divertidos e muita comilança, o filme me deixava com fome e com nojo, ao mesmo tempo, uma combinação bem incômoda. Em “Estômago” tudo é muito visceral, e todo mundo é muito suspeito. Qualquer semelhança com a vida real...



5) A FAMÍLIA SAVAGE


Filmes de família com personagens patéticos e impasses dramáticos são sempre os filmes que mais me atraem. Em geral são filmes apoiados em bom roteiro e poucos e bons atores, e que não se propõem aos grandes recursos do “cinemão”. Este é um belo exemplo de filmes do gênero. Laura Linney, Phillip Seymour Hoffman, e Philip Bosco em atuações emocionantes, num filme sem “grandes cenas dramáticas” e que nos emociona pela sua simplicidade. Sempre acho que o que resulta simples é sempre mais difícil ainda de se conseguir, o que acontece nesse filme dirigido por Tamara Jenkis. Os personagens nos são revelados em pequenos suspiros, pequenas mentiras, algumas hesitações, num filme sem grandes reviravoltas, apostando numa sofisticada forma de revelar personagens que são gente como a gente: nos sorrisos falsos de Laura Linney e no seu excesso de “cuidado com o outro” vemos mais do que a personagem parece querer mostrar. E assim, o filme vai nos mexendo, sem querer provocar choradeiras ou grandes shows de atuaçào, mas nos pegando de leve, numa simplicidade que dói tanto quanto qualquer tapa de uma cena mega-dramática. O que é mais impactante, afinal?



4) ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ

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Fazia tempo que não me arrepiava tanto nem dava pulos da cadeira. Eu diria que é o filme mais sombrio e insuportavelmente silencioso que eu lembro de ter visto. Josh Brolin [ele fazia “Os Goonies”, lembram?], Tommy Lee Jones e Javier Barden em excelentes trabalhos. A crueldade dos Cohen chega em seu ponto decisivo, tanto em termos da forma como é desenvolvida quando no da própria discussão do tema. Um misto dos bons e velhos filmes policiais [pancadaria, perseguição, tiroteio] e dos dramas silenciosos que te cutucam e te fazem sair do cinema sem entender o que está à sua volta. Aliás, os cinemas precisam voltar para espaços fora de shopping. Este eu vi em DVD, mas confesso que se tivesse visto no cinema e caísse de cara na praça de alimentação eu afogava alguém num milk shake.





3) NÃO ESTOU LÁ


Como fazer um filme sobre Bob Dylan sem precisar contar a vida de Bob Dylan? Acho que esse é o trunfo de “Não Estou lá”, dirigido por Todd Haynes, um dos melhores retratos sobre artistas que a minha cabecinha lembra agora. Mais que isso, uma discussão madura sobre o papel do artista em meio ao contexto social, os sentidos do fazer artístico, a relação vida e arte, entre outros temas delicados presentes aqui. Cate Blanchet e Charlotte Gainsbourgh estão fantásticas no filme, que ainda tem atuações inspiradas de Christian Bale, do falecido Heath Ledger e até de Richard Gere, gente! Vou contar uma bizarra: fui ver com o Turnes e o Marcelo [Schroeder, nosso novo pop star revelado pelo “La Gonga”] e os três choravam feito três criancinhas sem mãe [eu avisei que não ia ficar fazendo análise técnica neste post, desculpa]. “Não Estou Lá” é uma história sobre a busca pela alma, num filme que não pede licença, e nem se preocupa em se explicar demais. Saí querendo todos os discos do Bob lá em casa e mandando o povo do cinema político pro inferno.


2) JUNO


Eu odeio ficar comparando filmes, mas a comparação entre “Juno” e “Pequena Miss Sunshine” que todo mundo fez no ultimo ano é bem certeira, não apenas por serem dois independentes que chamaram a atenção das principais premiações do ano, mas por serem filmes de méritos técnicos bem semelhantes. Em primeiro lugar temos um roteiro que consegue atribuir bons papéis até para os coadjuvantes que aparecem pouquíssimo. É uma habilidade pouco comum essa: um roteirista conseguir criar dualidades e conflitos mesmo para os personagens menores sem perder a mão na hora de resolver o desfecho. A inteligência em “Juno” vai desde os diálogos ácidos, passando pela discussão nada conservadora sobre a gravidez precoce, até a abordagem extremamente emocionante em relação ao amor, no sentido ampliado da palavra. Acho que é por aí que o filme me pega: é um filme sobre o amor, que relembra as comédias românticas do Frank Capra e os diálogos recheados de tiradas à la Woody Allen. O elenco faz jus aos bons personagens e constrói seres humanos adoráveis e cheios de dilemas. Ellen Page e Alison Janey são outro destaque do filme: a primeira uma novata que dá alma e humor ao personagem título e a segunda uma coadjuvante já bem experiente, e que atua como a divertida madrasta modernex. Dirigir bom roteiro e este time de atores deve ter sido divetíssimo para Jason Reitmann, que nos delicia como uma das melhores histórias de amor dos últimos anos.


1) CONTROL


Honestamente não sei qual o principal mérito de “Control”, meu preferidinho dos filmes que vi em 2008. Não sei se é o fato de ser um filme sobre o Joy Division e sua sombria atmosfera musical. Não sei se é a fotografia impecável, ou a direção que aposta justamente nos fortes quadros em PB para criar uma atmosfera muito digna do som da banda inglesa. Não sei se são as atuações estupendas de Sam Riley e Samantha Morton, como Ian e Débora Curtis, respectivamente o vocalista da banda e sua esposa. Deve ser tudo isso junto que faz a gente sair do cinema atordoado e silencioso. O diretor Anton Corbjin, que traz na bagagem os videoclips de bandas como Depeche Mode, busca na atmosfera musical do Joy Division o tom deste retrato de um artista e sua tristeza talvez inexplicável. Não se sabe se a tristeza de Ian vem de sua doença, ou do fato de não poder viver de sua música. A primeira imagem de Ian no filme, muito antes de se descobrir epilético, já é uma imagem de profunda melancolia: ainda adolescente em seu quarto ouve o último vinil de David Bowie e fuma com o olhar perdido no teto... o mais próximo de um momento feliz que ele parece ter. Desta cena em diante “Control” é uma sucessão de melancolias, silêncios, vazios, e muito Joy Division. Simples e Genial.


Aí vai o trailer de Control:


6 de janeiro de 2009

Retrô 6 :: Achados e Perdidos

CINCO PÉROLAS
DE HOJE E DE ONTEM

por RENATO TURNES, ator, diretor e meu amigo.



:: categoria tio woody

Vicky Cristina Barcelona

A velha máxima que diz que qualquer filme ruim do Woody Allen é melhor que 99% da produção americana tem muito de verdade. A gente já vai ao cinema, ou aluga a fita, sabendo que vai ter no mínimo uma diversão cheia de classe, seja drama ou comédia. Admiro tanto os artistas que não se limitam a gêneros, e que não perdem identidade quando abordam seus temas sob óticas diferentes, que o tio Woody é um herói pra mim. E esse ainda estreiou no cinema, fato raro por aqui. Mas a nova comédia do tio Woody está entre seus melhores trabalhos cômicos dos últimos tempos. O filme é levíssimo, mas na leveza reflete sobre o amor e a paixão, sobre americanos e europeus, sobre escolhas e liberdade. O trio de protagonistas é lindo e sexy e hot e....ui. Penélope Cruz é um bafo. Barcelona é um personagem encantador (como Nova Iorque foi antes). Os diálogos são afiados como sempre e o encadeamento das ações é tão natural que os personagens parecem mesmo flutuar sobre a trama, deixando-se levar pelo encanto da paixão. Que roteirista incrível é o tio Woody!


:: categoria presente mais-que-perfeito

A Noite dos Mortos Vivos















Revi este ano, em cópia restauradíssima, dvd de luxo, presente de aniversário do adorável dono deste blog. O Dani bem conhece meu estranho gosto pela bizarrice e a demência. E por isso, o clássico seminal de George Romero foi o deleite do ano em dvd. Mítico, o filme P&B de 68 inventou a moderna mitologia do morto-vivo. Uma estética e um conceito do zumbi, inúmeras vezes replicados desde então, em diversas linguagens. O roteiro é perfeito: a falta de explicação, o tabu do canibalismo, a crítica social, tensão e claustrofobia, os personagens divididos, bem caracterizados, lutam pelo poder em meio ao terror total. E o final...absolutamente inesperado e nada redentor. E a filmagem é moderna, o filme vibra, com seqüências ótimas com a câmera na mão e inserções de linguagem documental. Muito sangue e vísceras que chocaram o mundo na época e hoje poderiam ser banais. Mas o que faz de A Noite dos Mortos Vivos obra de arte é que o embrulho não é só no estômago, é na moral. A metáfora do filme é subversiva e poderosa. Espetacular. Obrigado Dani. Amo.


:: categoria cinema nacional

Encarnação do demônio

O que dizer do novo longa de José Mojica Marins? Passamos o ano esperando, eu e Malcon, pela estréia. E foi demais. Ver um filme desse mestre no cinema foi uma experiência quase infantil. Foi lúdico e terrível. Foi como andar de trem fantasma. Uma brincadeira bizarra: a gente sabe que é falso aquilo é plástico e papelão, mas duvida disso às vezes. Dá medo. A gente se entrega por momentos e dá um frio na barriga e uma súbita vontade de pedir pra descer. Depois a gente se acha ridículo. Dá pra entender? Sabe quando a gente é criança e fica com pavor de dormir no escuro depois de ver um filme de terror na tv, escondido da mãe. É uma sensação incrível essa que uma obra de horror pode provocar. É de tirar a cartola. A volta de Zé do Caixão é triunfal. Ele retorna do buraco mais escuro pra apavorar os crentes, arrancar escalpos, enfiar ratos nas bucetas, tirar uma noiva da barriga de um porco, descer ao inferno numa orgia lisérgica de Zé Celso. Assombroso. Tudo isso pra fazer um filho na mulher perfeita, que continuará sua linhagem superior, levando ao mundo o medo em estado bruto. Encarnação do Demônio tem tudo de Mojica: as obsessões primais, a heresia, o corpo maculado, a violência gráfica, certa tosquice nas interpretações, o humor, toda a mitologia sinistra do personagem. O mau e velho Josefel Zanatas. Junte-se a isso o primor da produção e temos o melhor filme de terror que o Brasil já produziu. Genial é pouco. Só podia ser obra do Seo Zé.

:: categoria matiné

Os Saltimbancos Trapalhões

Revi no Canal Brasil a adorável adaptação para o cinema do musical de Chico Buarque, estrelada pelos Trapalhões. Um dos meus filmes favoritos, que eu guardo sempre com carinho na memória. É tocante ver os comediantes no circo, interpretando artistas em busca do sonho do sucesso e comendo macarrão todo dia. Eu me identifico. Tem a tradicional parte do romance, claro, e muitas palhaçadas que são a cara dos Trapalhões em sua melhor forma. O quarteto está ótimo, à vontade no circo, que é mesmo a terra deles. As músicas são pequenas jóias. E Lucinha Lins canta muito. Zacarias era um ator de caracterização incrível, Mussum um paradoxo: um alcoólatra para crianças, Dedé a escada inteligente e o Didi...como o Didi foi engraçado um dia. Naquela semana fiquei cantando Hollywood sem parar. E aquela lágrima que escorre do burro no final dá um nó no coração.

:: categoria demorei pra alugar

Império dos sonhos

Eu tenho medo de David Lynch. Ele é um artista completo, um cineasta autoral, um doido de pedra. Pra curtir Império dos Sonhos devemos abandonar coisas as quais somos muito apegados, tipo as noções da narrativa realista, por exemplo. Ou unidades aristotélicas. Ou construção psicológica dos personagens. Não existe regra no universo demente do diretor. Não existe realidade ou ficção. Tudo é meio fantástico, a atmosfera é inebriante e emocional. Paisagens emocionais, falou o Marcelo (ele é tão sensível...). Luta-se constantemente com a compreensão, apegados que somos a esses dogmas. Mas existe um prazer estético, que não tem explicação. É parecido com o que a música faz, eu acho. Você não consegue pegar a música, você não a vê, não a entende, mas ela te diz e te toca e você viaja nessas sensações. É um filme música. Sabe, como o Malcon diz, com aquele seu jeitinho ironicuzinho: "é pra sentir, não é pra entender..." É assim mesmo. Só que muito verdadeiro. Lynch é um artista livre e se expressa através de camadas simbólicas muito mais sutis que a maioria dos outros mortais. Tem que se entregar, não dá pra ficar querendo entender, tem que desistir. E quando a gente desiste a gente vê Laura Dern excelente, uma espécie de Alice entrando em portas que dão para dimensões cada vez mais escuras, numa espécie de labirinto de si mesmo. Peguei na mão dela e fui junto.

4 de janeiro de 2009

Diário de Férias :: Parte 3

Voltando pra órbita depois de uma semana sem net. Praia, baralho, comida boa, filmes, gente do bem e muitas sensações boas pro ano que tá começando. Sem promessas novas... só expectativas de ser melhor e melhor... amanhã tem mais listinhas de Retrô!