de Lorenzo
O rosto muda todo dia. O olhar percebe coisas novas que não podemos imaginar. Cores, sons, objetos. A voz do pai ou da mãe ou de outra pessoa mais chegada tem entonações diferenciadas que provocam as reações mais surpreendentes possíveis.
Cada despertar é uma descoberta. Cada abrir de olhar é um novo dia. É uma nova obra. É um poema constante sendo desenhado na mente de Lorenzo. Nesse mundo de sonhos em que a vida é mais vida que em qualquer outra fase da vida tudo fascina ou assusta. Não existe muita diferença entre o fascínio e o assombro. Lorenzo é uma página em branco sendo escrita, rabiscada, desenhada, colorida.
Muitas vezes os pais estão cansados. A vida adulta é cheia de deveres exageradamente valorizados. Repleta de desejos obtusos e prazeres momentâneos. Lorenzo vislumbra um pedaço da minha mão e sorri. Agarra a mão. Aperta. Se eu largo, ele reclama. Depois esquece da mão e sorri observando um quadro colorido na parede. Mexe as mãos. Ele quer apertar o quadro. Escuta uma música vindo de algum rádio ou televisão. Quer pegar a música no ar. não consegue. Já esquece de tudo de novo e enfia a mão na boca. A gengiva incomoda. Chupa os dedos. Baba. Tira a mão da boca e se dá conta que tem fome. Ele não chora. Berra. Fica brabo. E berra mais alto ainda. Correndo alguém lhe prepara a mamadeira. Ele abre a boca desesperado e quase engole o bico no primeiro gole. Depois de algumas sugadas, pára, respira fundo e suspira. Depois fecha os olhos e abre para encarar o pai e sorrir deixando escorrer leite pela roupa. Sua risada navega pelos sonhos derivantes de um oceano sem horizontes chamado vida.
Como é simples a felicidade de Lorenzo.
Como seria simples viver de tão pouco.
A felicidade é um pontinho que de tão pequeno se multiplica por todos os pontos do universo.
Marcelo Benvenutti - pai do Lorenzo
(Blog Cerveja e Fraldas - tem um link à direita!)
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