27 de dezembro de 2009

Ele nunca mais foi mesmo depois daquele 2009

Em filmes americanos tem sempre um clichê do tipo “ele aprendeu uma grande lição depois daquele ocorrido”. Isso não é coisa nova não. Em “A felicidade não se compra” do Frank Capra, um filme de natal lá dos anos 40, um personagem deseja nunca ter existido e um anjo lhe concede tal desejo. Ao voltar pra casa e vê como seria sua vida se ele não tivesse existido. Toda uma cidade está diferente. Pessoas para as quais seus pequenos atos haviam transformado uma vida toda, então vivem de maneira diferente. Seus filhos não existem. É um dos filmes mais lindos que alguém já inventou de fazer. Eu sempre me senti um personagem dos filmes do Capra, com todos os seus clichês. Nos finais de ano eu volto pra casa dos meus pais e fico extremamente sensível a tudo. Penso e repenso o ano que passou e planejo o próximo sem fazer promessas, mas tentando manter o que tem dado certo e pensando em corrigir os desacertos.


Em 2009 eu aprendi que posso fazer quinze mil coisas ao mesmo tempo e que isso nem sempre me faz bem. Queria aprender a fazer um pouco menos, a cuidar melhor de mim, e olhar melhor pro entorno. Entendi que as pessoas são o que são e que tentar mudá-las demais é um erro enorme. Mudar a gente mesmo até que vai bem, mas será que querer mudar tanto o entorno não seria brincar demais de Deus? Tenho tentado entender isso: deixar-se ser e deixar os outros serem. Parece demagógico, né? Mas a coisa anda por esse caminho... Aprendi que eu preciso de mais tempo pra respirar, pra ficar em casa, e ficar mais comigo. Administrei (um pouco) melhor o fato de não esperar que os outros me salvem a vida. Penso hoje que a gente ama mesmo quem a gente não entende bem, e que quem nos ama de verdade está ali sempre, num olhar de canto, num telefonema, ou num simples ato do tipo “ontem lembrei de você”. Aprendi que o que tem que ser vai ser... aprendi a ter mais calma (coisa difícil pra mim).


Gosto das transições. Sei que são apenas números, calendários, coisas pragmáticas, mas abrir e fechar ciclos tem uma importância enorme pra mim. Sempre preferi a versão do último download, sempre tive a sensação de que ficamos melhor na dianteira. Esse ano fiz 30 anos. Quando eu era pequeno eu pensava que aos trinta já teria dois ou três filhos e uma vida estável. Hoje olho pra mim e pros meus amigos de 30 anos e vejo que somos as mesmas crianças e adolescentes de sempre. Será que meu pai e mãe aos trinta não pensavam o mesmo, quando eu os olhava assim? É engraçado né? Quando eu era pequeno eu gostava de brincar de escritório, assinar papéis, e ter responsas de adultos. Hoje cada vez que assino um papel penso na responsa que é ser adulto e tenho saudade das brincadeiras de escritório. Como a gente faz pra não se levar tão à sério?


Sobrevivi a um primeiro ano de mestrado, estreei espetáculo novo, projetei mais dois, criei luz de espetáculo, trabalhos de arte gráfica, escrevi artigos, fiz amigos, tentei manter os bons e velhos sempre perto, desenhei, projetei, cozinhei, corri, pedi tempo, me acalmei, entendi, pensei, repensei, e tudo o que sei é que a sensação no fim de ano é sempre a mesma: grato por tudo até aqui e grato por poder deixar o que vier ser o que tem que ser! As metas existem, mas deixar o caminho mexer os pauzinhos por si e mexer na gente é sempre um bom plano! Um 2010 bem piegas pra vocês!

6 comentários:

Unknown disse...

aham, sei.

Marcos Klann disse...

Eu gostei.

Malcon Bauer disse...

Também ando pensando muito sobre a chatice que é, as vezes, "ser adulto". Mas em 2010 eu também faço 30, e já estou atucanado...

julie disse...

querido dani,
tão gostoso ler um texto assim e escutar tua voz.

vc vai falando e a cidinha vai digitando, né?

beijo

Milena Moraes disse...

Eu também brincava de escritório. Adorava. Ouvia Debbie Gibson (essa vc não escreveu mas sei que sabe o refrão de Lost in Your Eyes) Eu dizia que me casaria com 28 anos e me casei com 24, sabia? Esse ano fiz sete anos de casada, 31 de vida, 4 de formada... Ai meu Deus! É muito número! Enfim, eu também achava que seria mais adulta com 30...

Bobagens de criança!

Te quiero!
Besotes!
Amei o texto...

Feliz tudo!

Daniel Olivetto disse...

claaaro que eu lembro do refrão de lost in your eyes!

Se liga no link:
http://www.youtube.com/watch?v=ONepFcRGkHE


Todo mundo comigo:

"I don't mind not knowing what I'm heading for
You can take me to the skies...
It's like being lost in heaven
When I'm lost in your eyes"

ahahahaha

adorei lembrar disso!

beijos