11 de outubro de 2008

Como se tornar um perfeito cafajeste

Não compartilhe músicas em menos de duas semanas. Não tire do armário sonhos e angústias em público. Nunca ligue no dia seguinte. Nunca pareça frágil. Um cafajeste exemplar não tem sentimentos complexos, muito menos os divide com seres de respiração própria. Relações com plantas, coleções de filmes, objetos raros, e com exaustivos turnos de trabalho são as mais aconselháveis. Não crie metáforas, nem mensagens afetivas. Faça garatujas de sentidos obtusos. Não desenhe nas estrelas, não escreva no guardanapo, não suplique, não sussurre. Choro, nunca. Chances de adeus com perspectivas estão censuradas. Não explique os fatos. Não emoldure fotos. Não sorria, por mais que o temor de uma palavra sensata lhe sugira sorrir. Fale sobre amenidades. Desça as escadas de forma vagarosa. Não dê pistas do seu cotidiano. Não exibir muitos desenhos interiores é altamente recomendável. Mesmo que se ache tolo, seja íntegro, e finja que tudo é comum. Torça pra que tudo seja passageiro. Mesmo que não se reconheça em tais atitudes, nunca pouse por mais que três minutos a cabeça sobre o travesseiro. Tempo máximo de um abraço: 35 segundos.

6 comentários:

Manuela d`Eça Neves disse...

que horror!
kkkkkkk

Sandra Knoll disse...

Um guia prático...normal!!!
Será que a gente consegue? Eu vou tentar!
Bj

Unknown disse...

hummm, quase lá, e involuntariamente! sucesso!
mas um cafajeste completo é difícil, Dani! não vale "meio-cafajeste"?

mARINA mONTEIRO disse...

ihhh acho que sou meio cafajeste...mas só metade...a outra metade é bemmmm bocó, e chora, e sorri, e abre o armário inteiro em público rsrsrsrsrsrs

bom, o negocio é sufocar essa metade de exibir a outra...meio caminho andado rumo a felicidade.
simbora meu povo!!!!

Anônimo disse...

faltou o quesito animais de estimação, paladar culinário que aprecia salgados e amargos, estilo de vestimenta, expressões faciais blasé (ou máscara neutra, como preferir), frases mais usadas tipo "hoje eu não posso, desculpe.", usar pontos finais quando escreve, é a pontuação neutra mas que sempre aparenta uma certeza (nada de exclamações, são emocionais demais), nos elogios, quando houverem, usar sempre "quase" antes do adjetivo principal, sempre manifestar o que não foi dito, não foi feito, e não foi pensado pelo outro, isso dá um certo ar de surpreendimento cult e todos parecem insuficientes em relação a vc. hmm, dexa eu ver.. bom daniel, vc escreve quase bem. um... abraço. (ah, uns 9 seg tá bom..)

ps sussurando: e aí? to me saindo bem? amei! vo imprimir e deixar na minha carteira!

RHK disse...

Ouch...